SONHOS E RECORDAÇÕES

Essa noite eu sonhei com vários animais, dentre ele minha cachorra Ciça, ela estava diferente, parecia uma cadela da raça bace, mas era ela, eu queria ter trazido ela comigo do sonho, sabia que era impossível.
Vou contar a nossa história.
Tudo começou em 1980, eu tinha 10 anos e sempre que podia saia de bicicleta, uma caloi vermelha, virava e mexia eu tinha que levar ela para arrumar na bicicletaria e sempre via uma cachorrinha branca com manchas preta lá por perto, brincava com ela até arrumar minha bike, um dia eu estava com meu primo e passamos na rua da bicicletaria e eu a vi deitada, fui até uma padaria, pedi uns biscoitos e fui dar pra ela comer, sai andando e ela veio atrás, fui colocando pedaço por pedaço no chão pra ver até onde ela iria, ela veio me seguindo, fiquei muito feliz com isso, quando cheguei em casa falei dela ao meu pai. Ele me deixou trazer pra casa, afinal não era o primeiro animal que eu trazia, sempre que podia salvava um.
Trouxe-a e a batizei Ciça, estava cheia de sarna e muito suja, foi parar no veterinário, o mesmo do bode, risos, de cachorro ele entendia, depois de um trato, ela estava em casa. Ficou um tempo conosco e sumiu por uma semana, entristeci, a procurei dia e noite e nada, até que um domingo ela apareceu e nunca mais foi embora.
Aonde eu fosse ela ia comigo, quantas vezes tive que levar ela pra casa quando me seguia até a escola, eu tinha medo de ela não saber voltar pra casa, por isso levava ela de volta, dormia escondida no meu quarto, latia pra quem chegava perto da gente, ela era fera e ao mesmo tempo muito querida.
Ela teve vários filhotes durante sua vida e por conta disso tivemos que opera-la para não engravidar mais, ela já estava ficando velha.
Quando voltou da operação e estava quase recuperada, a empregada a soltou na rua pra poder lavar o quintal, ela ainda estava em recuperação da cirurgia, foi pra rua atrás do Scobe, nosso outro cachorro mais novo, acabou acontecendo um acidente, ela foi atropelada.
Eu estava na escola e comecei a passar mal, uma sensação ruim tomou conta de mim, então sai correndo da sala de aula direto para casa, quando cheguei, minha irmã chorava, notei a falta da Ciça e na hora saquei, só perguntei:
- Cadê ela?
Minha mana responde:
No veterinário! BUUUUUUUUUUUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!
Nossa como corri, nem olhei pra traz, corria e chorava de medo de ela ter morrido.
Cheguei a clinica ela estava em cirurgia, quando ouviu minha voz começou chorar, o veterinário autorizou minha entrada, lá estava ela dopada e sendo operada, sua patinha traseira foi amputada, mas não corria risco de vida.
Levei ela pra casa, meu pai não deixou ela ficar dentro do meu quarto, pediu que ficasse no quintal, então de madrugada eu saia do meu quarto escondido e ia dormir com ela, fiz isso até ela voltar a andar.
Mudamos mais duas vezes de casa, na primeira ela se enroscou debaixo da rampa da entrada e precisou os bombeiros para tirar. Nesta mesma casa minha mãe recebeu uma amiga por alguns dias que por sinal o nome era Ciça, então minha Ciça virou Duquesa por uns dias. Na segunda casa em que moramos, ela foi atropelada de novo por um fusca, machucou a outra pata traseira, lá vou eu de novo a pé no veterinário, correndo e chorando com ela no meu colo, chegando lá eu disse:
- Salvou uma vez! Salva de novo! Mas desta vez não precisou amputar, Graças a São Francisco de Assis, que sempre me ajudou com meus animais.
Ela já tinha dezesseis anos conosco, eu estava em Londrina trabalhando, gerenciava uma loja de importados e fui dar um treinamento para equipe da loja de Londrina, morei lá uns tempos, ia aos fins de semana pra minha casa.
Um dia o telefone toca era minha empregada Celina dizendo que tinha um negócio sério pra contar, no começo imaginei que minha namorada tivesse engravidado, mas depois soube que a Ciça tinha morrido afogada na piscina, fiquei muito triste com a história. Nem pode despedir dela.
Fazia algum tempo que eu não lembrava dela e o sonho que tive, trouxe de volta, todas as lembranças de meus animais que já partiram de volta em meu coração, inclusive da época da minha infância, que foi muito boa. Saudades...